Uma das primeiras dores ao tentar validar seu MVP | Edição #17
Uma reflexão sobre como encontrar as pessoas certas pode ajudar na evolução rápida do seu produto.
Todos nós já estamos cansados de saber o quanto é difícil todo o processo de criação de um produto digital, certo?!
Uma das (muitas) dores que surge logo no início da longa jornada de validar um novo produto é: onde estão os Innovators?
Onde vivem, o que comem, e principalmente: onde não estão!?
🧐 Innovators, quem?
Antes de começar, vamos dar um passo para trás e falar sobre os Innovators. E não, infelizmente não fui eu quem inventei esse termo bonito em inglês para o mundo digital.
O livro Crossing The Chasm (Atravessando o Abismo) traz a ideia de que existe um abismo significativo entre os early adopters (primeiros usuários de uma nova tecnologia/produto) e os early majority (adotantes iniciais do mercado).
Muitas empresas não conseguem atravessar esse abismo e acabam encerrando a iniciativa (ou apenas ficando naquele lugar “maomenos”), é um desafio clássico na jornada de criação de um produto. No livro, o autor dá algumas dicas e ideias sobre como navegar melhor por esse estágio.
Mas o foco aqui é naquela primeira parte do gráfico, onde temos os Innovators, que são os primeiros a adotar novas tecnologias, produtos e serviços. Sabe aquela pessoa que sempre está usando uma ferramenta nova que ninguém conhece? Provavelmente, ele é um Innovator!
Beleza, e daí?
Talvez você tenha um amigo que pertence a esse grupo, mas bem provavelmente ele não usa qualquer ferramenta nova, apenas aquelas dentro do espaço de necessidade / interesse dele.
Afinal, um innovator que trabalha numa imobiliária não tem incentivo nenhum de usar uma nova ferramenta para gestores de supermercados.
Então, não é tão fácil de achar esses usuários, eles são uma pequena parte do seu público. Não preciso lembrar que provavelmente seu público não é “todo mundo de 18 a 60 anos”, certo? Já passamos dessa fase.
Com essa dificuldade, é aí que provavelmente vai vir uma ideia que parece fazer muito sentido, mas na verdade é um erro muito comum: “vou testar com as pessoas próximas!“.
🤔 Parece bom, qual é o problema?
Provavelmente, você vai notar padrões que separam essas pessoas em 2 grupos:
1 - Aqueles que usam, mesmo que não faça sentido
Afinal, você convidou estas pessoas, elas querem te ajudar!
É geração X usando produto de geração Z, gestor de supermercado opinando no produto de imobiliária, o familiar que fez 2 aulas de marketing no youtube falando que o botão precisa ser maior, o fã do app XYZ falando que você precisa que fazer igual…
E claro, os mais próximos falando que tudo está incrível, você é demais, parabéns!
2 - Os enrolados “eu vi e gostei, só não tive tempo”
Lembrando, você chamou essas pessoas para testar o produto, elas não querem te decepcionar!
O produto não tem nada a ver com elas, não é interessante - e tá tudo bem, elas não são o público!
Talvez, elas vão usar um pouco e irão fazer parte grupo 1 que citei agora, só para te agradar. Ou talvez só vão esquecer em meio a rotina do dia a dia, e falar algo como “parece muito legal, só não tive tempo de usar“.
4.78% das vezes
Segundo as famosas vozes da minha cabeça, aproximadamente 4.78% das vezes você pode ter uma rede de contatos que realmente é seu público! Ótimo, parabéns mesmo!
Mas cuidado, muuuito cuidado… A chance de você estar errado é de 95.22%!
🧭 Minha dica para encontrar os Innovators
Beleza, agora você entendeu um pouco de quem é e quem não é um Innovator e como é difícil encontrar essas pessoas.
E como você já deve estar suspeitando, a melhor forma de encontrar essa pequena fatia de pessoas peculiares não é tão clara e óbvia.
Cada produto, cada vertical de negócio, cada contexto é diferente. E pode ser mais fácil ou mais difícil encontrar essas pessoas.
Mas tenho algumas dicas genéricas que se bem adaptadas podem te ajudar nessa missão:
Comunidades e grupos
O Innovator está “por dentro” das novidades, então ele deve seguir conteúdos referentes ao tema no Instagram, Youtube, Tiktok, newsletters, portais de notícia, etc.
Aquele mais hardcore mesmo, não vai apenas absorver conteúdo como também vai interagir com outras pessoas, ele vai fazer parte de comunidades online, como grupos de Whatsapp, Telegram, Slack, Facebook, Discord, Circle e fóruns em geral.
Esteja lá também, e encontre essas pessoas!
Percebeu a importância destes canais? Talvez você lembre que falei sobre como eu acredito que Atenção é o novo ouro nesta edição.
Eventos presenciais
Sabe aquelas feiras nichadas? Campus Party, Febraban Tech, Comic-con, Anime friends… A maioria das verticais de negócio possuem seus eventos próprios que são famosos dentro da “sua bolha”.
Quer encontrar essas pessoas? Esteja lá!
Spoiler: Na próxima edição traremos um case de uma pessoa que usou um evento destes pra fazer Discovery, simplesmente genial 🤯. Pra não correr o risco de perder esse insight, se inscreva caso ainda não tenha feito isso:
O poder de rede e recomendação
Innovators conhecem outros semelhantes, ou pelo menos conhecem os canais onde essas pessoas estão.
Talvez não seja tão fácil achar aquele grupo fechado de whatsapp com essas pessoas, então pedir a ajuda do innovator que você já conheceu pode ser uma boa saída.
Pode ser através de um simples bate-papo onde você pede recomendações e indicações, ou até mesmo algo mais estruturado, como um programa de indicações com recompensas tipo um member get member, algo assim.
🌀Nunca é simples, nunca é óbvio
Usei este subtítulo na edição passada, onde falo sobre criar impacto verdadeiro através de experiências memoráveis e vale repetir aqui.
A criação de produtos digitais não é simples, óbvia, muito menos fácil. Agora que te contei um pouco mais sobre este problema, lembre-se de ser criativo pra resolver esse possível problema, ou melhor, nem enfrentá-lo.
⌛ Mais rápido que update do Windows
Textos que eu acho legal de compartilhar, mas não chegam a ser reflexões tão profundas - às vezes nem reflexões.
“Se você quer usar AI no seu produto, a coisa mais importante é lembrar as lições de Startup Enxuta. Nós chamamos de IA Enxuta.
O empreendedor precisa se lembrar de testar para garantir que os clientes querem o produto que estamos construindo, se certificar de fazer um MVP (Mínimo Produto Viável) e de fazer isso mantendo os gastos em linha com esse aprendizado.
Não pode deixar que o entusiasmo com a tecnologia fale mais alto."
Eric Ries, empreendedor e autor do Lean Startup para a Exame.
Você que me acompanha aqui no LinkedIn já sabe que eu venho falando isso há algum tempo - e agora o Eric Ries concordou comigo! 🤣🤣
Fico feliz de ter conseguido trazer esse pensamento para a Vertru desde o dia 0, não só sobre IA, mas sobre tech em si.
Como entusiasta de tecnologia, eu mesmo preciso relembrar diariamente que: o mais importante é qual valor vamos gerar e o que vamos construir, independente da tecnologia.
Mais vale um produto "padrão" com milhares de usuários e que gera caixa do que um produto AI-Based com 2 usuários (normalmente, vc +1).
📚 Outros bons conteúdos
Por hoje é só! Caso ainda não tenha visto as últimas edições dessa newsletter, corre lá:
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