O colapso da confiança digital | Edição #25
Você acredita em algo só porque viu uma foto ou um vídeo? Bom, precisamos conversar…
Como era antes dos ‘cliques’
Houve uma época em que acreditar em algo era relativamente simples, era preciso ver para crer.
Acredite ou não, mas mesmo muitos anos depois do surgimento da fotografia, por décadas não eram populares as formas de registro instantâneo (fotos e vídeos). Mesmo há poucos (~20 anos) atrás, não existiam câmeras digitais no bolso de qualquer pessoa, eram equipamentos raros de se encontrar no dia a dia.
Pra acreditar em algo era na base da confiança, ou você “pagava pra ver”.
Quando eu era criança, um amigo me disse que tinha uma carta super rara de Pokémon, eu fiquei em dúvida se era verdade… E bom, eu não podia simplesmente pedir uma foto.
E um outro um amigo uma vez me disse que havia ganho a chuteira mais legal da época (Nike Total 90 heheh), mas o cachorro comeu e por isso ele não levou pra escola… Como eu podia saber se era verdade ou não? O que eu precisava mesmo era “ver com meus próprios olhos”!
A facilidade do digital
Anos depois, tudo ficou mais fácil. A câmera digital se popularizou e migrou pra “dentro” dos smartphones, e então, bastava dar um clique usando um dispositivo que estava sempre conosco para provar qualquer coisa.
Alguém me disse que comprou um carro novo? Legal, manda foto! Aprendeu a fazer um duplo twist carpado? Manda um vídeo! Se não mandou, provavelmente não é verdade, certo?! Afinal, agora ficou fácil provar a existência e ocorrência de algumas coisas e fatos.
Uma foto ou um vídeo eram suficientes para documentar, compartilhar e provar histórias. Além disso, servem pra relembrar o que aconteceu por anos.
O digital era a prova definitiva. E sim, eu estou falando no passado: era a prova definitiva.
A prova definitiva não é mais definitiva
Pode parecer exagero ou uma distopia futura, mas acredite: já é o presente.
Do mesmo jeito que o avanço da tecnologia nos trouxe a facilidade de registrar coisas em tempo real e pra sempre, também está trazendo novos desafios.
Atualmente, uma foto que vemos pode não ser o que parece, e talvez nem seja realmente uma foto.
As ferramentas avançadas de inteligência artificial já são capazes de criar fotos extremamente realistas, que confundem até os mais experts no assunto. Não só criam imagens “do zero”, como também podem editar imagens existentes a partir de comandos de texto.
Também já é possível criar vídeos! Ok, pelo menos até onde tenho conhecimento ainda não são tão reais assim, mas é uma questão de tempo, e olha, de pouco tempo (vcs viram o DeepSeek, certo? Então…).
Então, aquela segurança que tínhamos ao ver algo registrado digitalmente está desaparecendo rapidamente. E aí voltamos para a mesma dúvida que eu tinha sobre a carta de Pokémon: será que é verdade? Ah, eu só acredito vendo.
E agora, o que fazemos?
E agora, como vai ser? Como resolver isso?
Bom, arrisco dizer que quem resolver essa problema vai ganhar bilhões de dólares. Mas realmente não consigo imaginar uma solução pra isso, não com a tecnologia que temos hoje, e talvez nem tão cedo.
Já existem diversas discussões sobre isso, algumas iniciativas visam criar uma “marca d'água” em conteúdos gerados por IA.
Legal, ótima iniciativa, isso deve atrapalhar um pouco em pequenos atos de má fé das pessoas, como por exemplo aquele amigo que diz que adotou um dinossauro, mas não pode levar pra escola. Provavelmente a imagem gerada vai ter essa marca de “gerada por IA”.
O problema é que as pessoas de má fé com alto conhecimento, acesso e/ou influência, possivelmente não vão cair nessas limitações.
E eu nem vou entrar em temas polêmicos como manipulação das grandes massas e uso desta tecnologia pelo governo, esse tema fica pra outro dia.
Ah, e mesmo que a gente supostamente consiga criar ferramentas para detectar isso, a batalha será interminável: enquanto criamos formas de detectar manipulações, outra IA aprende a burlá-las. É um ciclo sem fim, acredito que nunca mais teremos a segurança que já tivemos no passado sobre fatos registrados digitalmente.
E vamos lá, até hoje ainda não conseguimos conter as fraudes digitais de lojas online falsas, que deveria ser algo mais simples…
Mas então, o que vai acontecer? Realmente não sei.
Mas talvez a gente volte um pouco a como era antes: ”preciso ver para crer”. Só acredito naquilo que posso tocar, ouvir ou ver com meus próprios olhos.
Afinal, no digital, a linha entre o real e o ilusório nunca foi tão tênue.
E bom, agora que você entendeu a situação, será que a foto de capa dessa edição da capivara jogando futebol é real, ou é feita por IA?
⌛ Mais rápido que update do Windows
Textos que eu acho legal de compartilhar, mas não chegam a ser reflexões tão profundas - às vezes nem reflexões.
A verdadeira revolução na criação de startups não é a que você pensa!
Todo mundo tá falando de IA, agentes de IA, automação, tokenização, ótimos temas, sem dúvida.
Mas tem uma coisa que já não pode ser ignorada, o modelo tradicional de criar startups do zero não é mais o mesmo.
Pra começar, você não precisa, obrigatoriamente, captar milhões de reais, entrar no game de VC, contratar N pessoas e sair na loucura de crescer a qualquer custo, ganhando pouco e trabalhando 12 horas por dia.
Solofounders pelo mundo estão provando que é cada vez menos difícil (fácil, não é hehehe) criar empresas sozinho com projetos próprios.
Como?
Avanço das ferramentas no/low-code, automações, Cloud e SaaS com soluções "pré prontas";
IA, agentes de IA, ferramentas de IA, IAs que codificam;
Marketplaces para contratar horas de mão de obra (dev, mkt, atividades manuais) e contratações part time remotas;
Os contras dessa abordagem:
Carregar o peso das decisões estratégicas sozinho;
Sobrecarga de tarefas - cuidado com o burnoutinho;
Falta de diversidade de ideias e contrapontos: vc já tentou discordar de si mesmo? É mega difícil!
Mas, e agora? Os VCs vão se adaptar ao modelo dos Solofounders ou vão tentar forçar sociedades?
Até quanto os solofounders conseguirão faturar sem sócios, vamos chegar no "$1B one-person business" que o Sam Altam previu?
Será que startups vão começar a perder bons funcionários que já ganham mais com seus microSaaS do que com o salário do mês?
📚 Outros bons conteúdos
O Novo Padrão de Devs em 2025: Você Está Pronto para se Adaptar?
Como o Grupo Boticário utiliza dados para criar produtos diferenciados
Caso ainda não tenha visto as últimas edições, aqui vão os links:
O que Ferrari e Lamborghini me ensinaram sobre negócios e produtos
Você realmente cria impacto verdadeiro através de experiências memoráveis?
Quando a teoria encontra a vida real – sobrevivendo em meio ao caos
Obrigado por passar por aqui. Até mais! 👋


